“O caminho de volta da universidade para a comunidade: uma reflexão sobre etnoparticipação e etnojornalismo no Projeto Nhandereko Eg Kanhró”. Este é o título da monografia que o estudante Yago Queiroz defendeu como trabalho de conclusão de curso (TCC) em Jornalismo, investigando a participação de indígenas em projeto de extensão universitária.
Esse seria mais um TCC se o estudante não fosse indígena e o primeiro da UEL a defender o trabalho em uma apresentação na Terra Indígena Apucaraninha, mais especificamente no Colégio Estadual Indígena Benedito Rokag. A defesa foi realizada na última sexta-feira (6), com orientação da professora Monica Panis Kaseker. A banca foi composta pelos professores Wagner Roberto do Amaral (Departamento de Serviço Social – CESA) e Régis Moreira (Departamento de Comunicação – CECA).
Yago Queiroz ingressou na universidade em 2013, por meio do vestibular indígena. Ele lembra que enfrentou muitas dificuldades como acesso à internet e por equipamentos de informática. O estudante lembra ainda que não havia o Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica, período de preparação do estudante indígena para a vida universitária. Ele é um dos primeiros da sua família a concluir um curso superior e diz que ficou muito emocionado por poder apresentar seu trabalho na Terra Indígena, dando retorno do que aprendeu para a comunidade.
O estudante, futuro jornalista, descende consanguineamente da etnia fulniô e diz que na sua trajetória, incluindo a Universidade, se identificou com os caingangues. Hoje, ele se afirma como indígena fulniô e caingangue. Os projetos de extensão e de pesquisa foram muito importantes para o estudante porque o ajudaram a se compreender melhor, inclusive, como indígena. Para ele, a universidade é um espaço a ser ocupado para lutar pela causa indígena. ÁUDIO 2
Indígenas na UEL – a professora Monica Panis Kaseker, orientadora do estudante no TCC, coordena a Comissão Universidade para os Índios da Universidade Estadual de Londrina (CUIA/UEL). Ela informa que existem, atualmente, 33 alunos indígenas na universidade. A UEL já formou 13 estudantes em diversas áreas do conhecimento.
Monica diz que a apresentação do TCC de Yago na Terra Indígena é uma devolutiva que a universidade faz aos indígenas valorizando a pesquisa e dando visibilidade à presença das etnias na universidade. “O fato de irmos para lá faz que esse processo seja mais efetivo, genuíno.” A apresentação serviu para fortalecer a autoestima indígena. Confira o áudio.
Entre os cursos nos quais estudantes indígenas estão matriculados na UEL estão Artes Visuais, Letras, Jornalismo, Serviço Social, Direito, Pedagogia, Odontologia, Medicina, Química, Educação Física, Geografia, Ciências Sociais e Psicologia. A professora destaca, também, o Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica que recebe os alunos, preparando-os para o curso de ensino superior.
Redação com informações da Agência UEL
