O novo Peugeot 208 foi bem-recebido pela crítica especializada europeia. contudo, os brasileiros ainda vão demorar um pouco para saber se os elogios são merecidos. O hatch será importado para o mercado brasileiro no segundo semestre de 2020, logo depois do lançamento no Uruguai, agendado para setembro. A produção será na Argentina, na mesma fábrica da qual sairá o 2008.
O compacto tem um desafio árduo pela frente: vencer o preconceito de alguns compradores em relação aos carros franceses. O fabricante tem consciência dos pontos que precisam a ser aperfeiçoados e começou o trabalho de desfazer essa imagem com mudanças na rede de vendas, em serviços e outros quesitos. Veja os diferenciais para 2020.
1) Design de muita personalidade
A Peugeot sempre teve o design como aliado na hora de vender carros compactos. Alguns dos seus modelos se destacaram justamente por terem uma personalidade inconfundível. Foi assim com o 206. Embora tenha sido um hatch de sucesso no Brasil, o antecessor vendeu muito mais no exterior. No total, foram mais de 6,8 milhões de carros. Os faróis fogem um pouco do esquema apresentado pelo 3008 e 5008, com prolongamento de LEDs que lembram os dentes incisivos de um leão. Presente no símbolo da marca, o felino é uma obsessão da Peugeot, que usa a inspiração também nas lanternas. A passada de garra do bicho é representada por sulcos de LEDs na peça. As colunas traseiras largas fazem homenagem a outros compactos históricos da marca, especialmente o 205.
2) Foi feito para enfrentar carros como os novos Fiesta e Clio
Na Europa, o novo 208 tem um trabalho duro: enfrentar as novas gerações do Renault Clio e do Ford Fiesta, além do VW Polo (bem melhor equipado do que o brasileiro) e do parente próximo, Opel Corsa. Por aqui, o Peugeot tem pela frente os novos Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e o Polo como principais concorrentes.
Criado para enfrentar modelos europeus, o 208 deve se dar bem em relação a projetos emergentes como o Onix e HB20, que podem dever algumas tecnologias prometidas pelo Peugeot. É também a chance do francês enfrentar o Polo com vantagem, mas isso depende do nível de equipamentos dele, uma vez que a VW não oferece itens presentes no europeu, entre eles, frenagem automática, controle cruzeiro adaptativo e sensor de ponto cego.
Criado para enfrentar modelos europeus, o 208 deve se dar bem em relação a projetos emergentes como o Onix e HB20, que podem dever algumas tecnologias prometidas pelo Peugeot. É também a chance do francês enfrentar o Polo com vantagem, mas isso depende do nível de equipamentos dele, uma vez que a VW não oferece itens presentes no europeu, entre eles, frenagem automática, controle cruzeiro adaptativo e sensor de ponto cego.
Quanto ao posicionamento de mercado, o 208 vendido no Brasil terá preços entre o Onix e o Polo. Caberá ao novo compacto nacional da Citroën competir no segmento logo abaixo a partir de 2021. O preço de entrada do modelo aspirado deve ficar entre R$ 55 mil e R$ 60 mil, enquanto os mais caros podem ser vendidos na fatia entre R$ 70 mil e R$ 80 mil.
3) Motor 1.2 turbo vai garantir melhor desempenho
Confirmado por fonte ouvida por Autoesporte, o novo motor é derivado do atual 1.2 aspirado de três cilindros. O tricilíndrico turbinado substituirá o atual 1.6 THP como opção mais forte de motorização. E sua versão aspirada continuará a equipar o 208 de entrada e o novo modelo básico emergente do grupo PSA Peugeot-Citroën. A variante turbinada tem duas opções. A potência fica entre 100 e 130 cv e torque pode ser de 23,4 ou 20,9 kgfm, sempre a 1.750 rpm. No Brasil, o ajuste mais forte vai prevalecer no 208, mas a variante menos forte também será oferecida em carros como o substituto do Citroën C3. Saiba o que achamos dos dois propulsores no teste do novo 208. Chamado de EB2, o propulsor 1.2 oferece um bom rendimento. Se comparados aos 128 cv e 20,4 kgfm de torque do Polo (o mais potente do segmento), os números do 1.2 turbo serão suficientes para dar vantagem ao 208 e podem ser um pouco maiores no Brasil. O zero a 100 km/h é anunciado em 8,7 segundos, uma marca que pode agradar até aos fãs do descontinuado 208 GT THP. O Polo 1.0 TSI faz o mesmo em declarados 9,6 s. O 208 mais forte será rival do VW Polo GTS em desempenho. E será mais rápido do que o novo HB20 1.0 TGDi (zero a 100 km/h em 9,3 s), o mais rápido entre os 1.0 turbo automáticos.
Tanto o Onix quanto o HB20 e Polo contam no máximo com motores 1.0 turbo e não terão opções mais potentes ou fortes (o Hyundai ainda conta com o 1.6 aspirado). Ambos têm câmbio automático de seis marchas, enquanto o Peugeot tem a nova caixa de oito velocidades.
O pacote visual GT Line das fotos combina com o desempenho e traz detalhes pretos nos arcos dos para-lamas, spoiler, teto e retrovisores.
O pacote visual GT Line das fotos combina com o desempenho e traz detalhes pretos nos arcos dos para-lamas, spoiler, teto e retrovisores.
4) Acabamento e visual interno
A cabine do 3008 até hoje é considerada referência no mercado dos SUVs médios. E também serviu como inspiração para o 208 em pontos como as superfícies côncavas revestidas de tecido ou material emborrachado de boa qualidade. É um toque que vai além dos esperados plásticos macios ao toque.
A cabine do 3008 até hoje é considerada referência no mercado dos SUVs médios. E também serviu como inspiração para o 208 em pontos como as superfícies côncavas revestidas de tecido ou material emborrachado de boa qualidade. É um toque que vai além dos esperados plásticos macios ao toque.
O novo 208 também manteve o característico painel elevado, mas o quadro agora é totalmente digital, toque ainda restrito ao Polo no Brasil. O volante pequeno e de base achatada continua como destaque e ajuda a dar uma sensação única ao guiar o Peugeot. Do 3008 também vieram os botões com inspiração aeronáutica do painel.
A central multimídia tem vários tamanhos na Europa, a maior delas com 10 polegadas. A tela fica em posição de destaque. Ao contrário do Citroën Cactus, que ficou mais simples na versão brasileira, o 208 argentino manterá o interior do carro europeu. O fabricante afirma que tomou cuidado para que os encaixes e alinhamentos tivessem espaçamentos simples. Nada de vãos ou peças mal encaixadas.
5) Espaço decente e tecnologias de ponta
A plataforma mudou junto com o carro e passou a ser a EMP1, projetada em conjunto com a parceira chinesa Dongfeng. Bem mais moderna que a antiga PF1, a base é 30 kg mais leve e permitiu um aproveitamento maior do espaço interno, a despeito do entre-eixos continuar a ter 2,54 metros. O porta-malas leva 311 litros e está dentro da média do segmento.
Somado a isso, a arquitetura oferece integração com tecnologias como frenagem automática e sistema de controle de cruzeiro adaptativo, sem falar em sensor de ponto cego. Como concorrentes como o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20 não dispensaram algumas dessas salvaguardas, nada mais natural que a Peugeot mantenha a maior parte do conteúdo oferecido pelo europeu.
O senão foi a nota de 4 estrelas nos testes de impacto do Euro NCAP. Como as regras são mais rígidas por lá, a nota no Latin NCAP pode chegar a 5 estrelas. Provavelmente, nem os hatches compactos mais recentes conseguiriam a nota máxima no instituto europeu. É um sinal triste do abismo entre os itens de segurança oferecidos nos mercados mais maduros e o patamar inferior estabelecido por alguns dos nossos modelos mais vendidos do mercado.